Efeito low cost na Madeira em 2007

Terminado o ano de 2007 fomos à procura dos números resultantes da entrada na linha da Madeira das companhias “low cost”. Um conceito nem sempre fácil de compreender as fronteiras.

Mas cinga-mo-nos a algumas das companhias que os Aeroportos da Madeira têm, por norma, como sendo de baixo custo. E, para podermos aferir resultados, vamos comparar dados de Outubro, Novembro e Dezembro de 2007, quando, efectivamente, começaram a voar para a Madeira em força, com igual período do ano anterior. Com dados oficiais da empresa.

Desde já, salta à vista o crescimento induzido com a entrada na linha de Londres das “low cost” easyJet e Thomsonfly. Para onde voam, de e para a Madeira, a TAP Portugal e a British Airways, operada pela GB Airways (curiosamente, adquirida pela easyJet).

De um total de 57.080 passageiros que voaram nas companhias de então para e da região autónoma, dos quatro maiores aeroportos de Londres: Heathrow, Gatwick, Stansted e Luton, nos últimos três meses de 2006, em igual período do ano passado, houve um incremento de 28 por cento, com mais 15.957 passageiros.

Tendo em linha de conta que as “low cost” easyJet e Thomsonfly transportaram em Outubro, Novembro e Dezembro 20.182 passageiros nesta rota, não só foram responsáveis pelo crescimento como captaram ainda 4.225 passageiros às concorrentes. Isto representa que as duas companhias tradicionais, TAP e BA, terão perdido 7,4% dos passageiros para as recém-chegadas.

Outro dado revela que as “low cost” foram responsáveis por 27,6% do tráfego da linha londrina no último trimestre. E aqui a easyJet teve a fatia de leão, com 14.229 passageiro, contra os 5.953 da Thomsonfly.

Mesmo assim, apesar da perda das regulares tradicionais, a verdade é que ainda têm mais de 2/3 da quota de mercado.

easyJet

Numa análise à easyJet, verificamos que a companhia transportou nos últimos três meses do ano passado 14.229 passageiros do Aeroporto de Stansted, em Londres, de onde vieram outros 91 passageiros noutras operações. Deste aeroporto não constam passageiros no período em análse em 2006.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe 663, 7.126 e 6.440 passageiros, respectivamente.

A easyJet voa de Londres todos os dias de e para a Madeira.

Menos passageiros trouxe a Thomsonfly, com 5.953, que tem duas ligações por semana.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe de Londres 1.750, 2.138 e 2.065 passageiros, respectivamente.

Ainda em relação à companhia branca e letras laranja (easyJet), recordemos que em Outubro de 2007 iniciou igualmente uma operação de Bristol, uma cidade dos arredores de Londres, com três ligações semanais.

Nesta rota registou-se um crescimento de 120,3% entre o último trimestre de 2006 e o de 2007. De 5.065 passageiros, passou para 11.156, com mais 6.091 passageiros, dos quais 3.306 foram transportados pela easyJet.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe de Bristol 169, 3.137 e zero passageiros, respectivamente.

Thomsonfly

De Inglaterra, concretamente de Manchester, surgiu também uma nova operação “low cost”, com a Thomsonfly. Dos 16.425 passageiros que vieram da cidade onde joga Cristiano Ronaldo em 2006, o ano passado passou para 20.468, o que representa +24,6%.

Na prática, foram mais 4.040 passageiros. Ora, tal como na linha de Londres, a “low cost” (que voa duas vezes por semana), com 8.108 passageiros não só foi responsável pelo incremento da linha como foi buscar 4.068 passageiros às outras companhias que faziam a linha. Ou seja, cerca de 1/4 dos passageiros.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe de Manchester 2.860, 2.956 e 2.292 passageiros, respectivamente.

FlyGlobespan

Ainda do Reino Unido, mas mais a norte, na Escócia, há uma outra operação, feita pela FlyGlobespan desde a cidade de Edimburgo, que voa uma vez por semana.

Dali, os 1.840 passageiros que vieram naquele período foram um ganho absoluto visto que no anterior, no período em análise, não vieram quaisquer passageiros.

Nos últimos dois meses de 2007, a companhia trouxe de Edimburgo 954 e 886 passageiros, respectivamente.

AerLingus

Da Irlanda chega um forte incremento das “low cost”. Concretamente da AerLingus. De 478 passageiros o quarto trimestre de 2006 passou para 3.465 o ano passado, o que se traduz em +624,9%. Um número que deve quase a 100% à companhia verde.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe de Dublin 374, 1.571 e 1.067 passageiros, respectivamente.

Sterling

De fora das ilhas britânicas temos o exemplo da Sterling, que voa uma vez por semana. De Copenhaga voaram para a Madeira em 2006 5.151 passageiros. E, o ano passado, 7.939, o que representa +54,1%.

A Sterling, com 2.172 passageiros foi quase a responsável por este aumento.

Nos últimos três meses de 2007, a companhia trouxe de Copenhaga 161, 1.107 e 904 passageiros, respectivamente.

Paulo Camacho