terça-feira, 27 de março de 2007

Low cost não têm pozinhos mágicos

Até que enfim. Dizem uns. Lá vêm os pés-descalços. Dizem outros.

Creio que a abertura do espaço aéreo na linha entre a Madeira e o continente terá como reflexo imediato a baixa das tarifas já que, deixando de haver as obrigações de serviço público, as companhias vão gerir as suas ofertas, adequando-as à procura.

Daqui poderão sair duas coisas.

Em primeiro lugar, espera-se que, com a atracção de mais companhias de aviação, além das que estão que, ao contrário do que se diz, não estão nem estavam em monopólio, já que quem quisesse poderia entrar na linha, venhamos a ter uma verdadeira concorrência. E, com ela, uma baixa acentuada das tarifas.

Afinal de contas, uma viagem, normal, de ida-e-volta, para um residente na Madeira, custa uma média de 175 euros.

As companhias que operam na linha: TAP Portugal, SATA e PGA irão baixar, logicamente, os preços a partir do momento em que surgir concorrência. E ganhamos todos.

Em segundo lugar, pode dar-se uma situação de desprotecção. Sem as obrigações de serviço público a que, por contratualização as companhias estavam responsabilizadas com a linha da Madeira, onde eram tidas em conta alíneas como o número de voos diários e horários, bem podem entrar por aí dentro companhias low cost, aproveitar a carne, que é como quem diz as épocas altas e de maior procura, e, depois, deixarem os ossos para nós, insulares roerem. Ou seja, pura e simplemesmente poderão deixar de voar em determinados períodos ou em horas decentes.

Um outro ponto que poucos se terão lembrado é que esta questão do subsídio do governo central ser dado ao passageiro e não à companhia, é muito bonito, mas se for como ir ao médico, pagar e depois receber o dinheiro, imagine-se o que é entrar com a verba total e só depois recebê-la do Estado. Com a agravante de, a acontecer como agora, onde as companhias esperam mais de um ano para os receber, o panorama fica lindo.

A verdade é que ainda ninguém sabe em que moldes se fará a atribuição do subsídio de 60 euros por cada ida-e-volta, que se pode cair na situação desta verba vir a ser superior ao valor da tarifa. Mas isso de tarifas muito reduzidas estou em querer que pode acontecer pontualmente, porque as low cost tem custos a cubrir, pelo que têm de gerar receitas.

Umas viagens podem ser convidativas mas pode estar certo que, há medida que os lugares do avião estejam preenchidos,os preços aumentam e poderão mesmo ser mais caros que os praticados actualmente.

Que fique claro que estas palavras não significam estar contra, nem a favor do novo modelo aprovado recentemente pelo governo central e que será publicado em lei dentro de, ao que se disse na altura, dentro de um mês. São reparos para que não se pense que agora é que vai ser.

Quanto ao efeito da abertura e, com isso, a possibilidade de termos tarifas mais baixas, considero que, a par de algum acréscimo no turismo, sobretudo no continental que encontrará aqui mais uma vantagem para os seus short-breaks, haverá, eventualmente, alguma transferência do tráfego para companhias como a easyJet, que já deu sinais claros de querer entrar na linha.

Mas não será a panaceia para resolver o problema do turismo madeirense que padece de uma linha de rumo adequada para um barco que vai navegando mas não se sabe bem para onde.

Aliás,devo dizer que muito se fala de preços altos nas viagens, e é verdade para mim e para milhares de pessoas que viajam como eu, mas também não é menos verdade que as companhias têm sabido praticar preços competitivos para pacotes de férias do continente para cá. Às vezes, até me espanto como se pode vir passar cá três noites, com viagem de avião, hotel e transfer, quase ao mesmo valor que pago como residente na Madeira. Claro que alguém fica a ganhar muito pouco.

Finalmente, embora a TAP há muito tenha feito saber que está pronta para a liberalização, e quere-a, o que aliás acontece nas outras rotas para onde voa, julgo que os madeirenses, mesmos os ingratos, têm um dever de gratidão com a companhia nacional que nos bons e nos menos bons momentos sempre foi e é a sua companhia. Há mais de 40 anos.

Paulo Camacho

quarta-feira, 21 de março de 2007

Algarve forever


Allgarve. Já não bastava chamar Oporto à cidade do Porto para agora se confundir as pessoas com esta designação vem baralhar por completo o nome que constitui já uma marca de renome que é, na realidade o Algarve.

Por mais argumentos que os criadores e apoiantes da ideia defendam, nada justifica que se mexa numa marca. Pode-se sim é pegar-lhe e levar à boleia uma panóplia de ideias.

Podiam optar por uma série de ideias-força, que não vou estar agora a referir, embora possa apontar dois exemplos:
"Algarve - Where all happen" ou mesmo, pegando da iniciativa "Algarve convida", onde o convida pode ter duas interpretações: a de convidar e de manifestar que há um Algrave com vida à sua espera.

Ainda por cima, argumenta-se que o principal objectivo da designação Allgarve é a valorização do produto turístico algarvio. Bem sei que em tempos a Benetton apostou em imagens-choque para se promover, mas até essa estratégia foi abandonada.


Perante este cenário, não foi estranho ver as forças vivas do turismo do Algarve deitarem as mãos à cabeça e defenderem a sua região.

Quanto ao que está subjacente ao que o governo pretende com esta medida durante os próximos três anos, na generalidade vemos alguns pontos de interesse. Agora não entendemos muito bem a insistência na importância dada às low cost, como se fossem as salvadoras da pátria. O mesmo não se compreende com a intenção de criar ainda mais regiões de turismo. Qualquer dia haverá a região de turismo do Beco dos Pardais ou da Travessa dos Caracóis.

Paulo Camacho