quarta-feira, 30 de abril de 2008

Tunísia: Cultura ao sol



É a primeira vez que estamos em África. No continente. Na realidade, já estivemos em Cabo Verde, o arquipélago que fica a meio caminho entre a Madeira e Angola.
A nossa expectativa era grande. O destino? A Tunísia. Terra de estâncias turísticas. E de uma selecção com um futebol bonito. Era este o retrato que tínhamos do país.
Mas o que encontramos é bem diferente. Não temos a sensação de ter caído numa das imagens típicas que nos habituamos a ver da África africana. Diríamos que estamos em África, mas num contexto diferente. Para já, a norte. Entre a Argélia, a oeste, e a Líbia, a sul. A leste só o Mediterrâneo, que também banha a costa norte daquele que é considerado o mais pequeno país do Magrebe e o mais atractivo.

Destino evoluído

Estamos num destino evoluído, em vias de desenvolvimento, com boas estradas, embora o trânsito seja caótico, principalmente na capital Tunes e em Sfax, mais a sul, a segunda maior cidade. Aqui, esqueça a regra de prioridade ao peão na passadeira.
A agricultura ainda é predominante, mas o turismo assume-se como a alavanca e o grande pólo de desenvolvimento.
A Tunísia é um estado laico. Cerca de 98% da população segue o islamismo. Mas tem o condão de tolerar as minorias cristãs e judaica.
Com um regime presidencialista, o país está suficientemente ocidentalizado para percebermos que não existem fundamentalismos. Pelo contrário, encontramos uma nação com tradições, mas aberta ao mundo.

Cultura e aventura



Nesta viagem de uma uma semana pela Tunísia, estivemos perante um misto de propostas que o Mundovip Madeira tem no seu programa para o destino. Um misto com visitas aos principais pólos turísticos e históricos e igualmente um circuito em carrinhas e em jeep 4X4, que foi o nosso caso, através do país.

Viajamos em Toyota todo-o-terreno pelos lagos salgados (que são praticamente secos, com muito sal), onde se evidencia o maior, o Chott el Jerid, que cruzamos, o imenso deserto do Sahara e igualmente por outras belezas que a Tunísia tem sabido preservar.
O que vimos (e muito mais ficou para ver) na capital, em Cartago, em Sib Bou Said, em Port el Kantaoui, em Sousse, em Monastir, em El Djem, em Sfax, em Gabes, em Matmata, em Ksar Ghilane, em Tozeur, em Chebika, em Tamerza, em Gafsa, em Sbeitla, em Kairouan e em Hammamet dá uma ideia da riqueza patrimonial e histórica que a Tunísia tem para oferecer. E, quanto a nós, é o grande factor diferenciador do destino. Incomparavelmente muito superior ao valor do sol e praia de estâncias como Hammamet e Port el Kantaoui cujo formato padronizado podemos encontrar mais perto da Madeira, se essa for unicamente a opção.

Maior coleccção de mosaicos



O Museu do Brado, em Tunes, com a maior colecção de mosaicos do mundo, a medina, na zona histórica da capital, classificada Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, e que, quanto a nós, é a melhor e mais genuína do país, a cidade de Cartago, talvez a cidade que mais ouvimos falar nos compêndios de história, Sidi Bou Said, com uma beleza sumptuosa e uma harmonia tranquila com as suas construções brancas e azuis, as ruínas de Sbeitla e Kairouan, a cidade sagrada do país (considerada a quarta principal do mundo islâmico, depois de Meca, Medina e Jerusalém), são exemplos do grande potencial da Tunísia que tem em Nabeul, Hammamet, Djerba-Zarzir e Sousse-Monastir os principais nichos turísticos e onde também se devem ter em linha de conta outros locais como Tozeur, com a sua arquitectura peculiar, com pequenos tijolos feitos artesenalmente, que, aliás está a ser incentivado pelo governo para que as novas construções mantenham a tradição, ou Port el Kantaoui.
A beleza deste país, sobretudo a zona mais árida do deserto, a sul, inspirou a realização de filmes como a saga da Guerra das Estrelas e o Paciente Inglês, que tivemos oportunidade de conhecer. Aliás, faz parte dos roteiros turísticos.

Conhecer o país exige circuito



Para conhecer a Tunísia há que fazer um circuito pelo país. Pelo que vimos, a opção de fazer primeiro o circuito do deserto durante uma semana em jeep, confortável e robusto, conduzidos por condutores experientes (o nosso, Zied, natural de Tozeur, uma grande cidade do deserto, esteve duas semanas com Carlos Sousa, o melhor piloto português do todo-o-terreno, na sua passagem pelo país por causa do Dakar, que chegou a passar pela Tunísia) é a mais acertada. Sempre acompanhados por guias conhecedores, como o nosso, Bou Zid, que fala um português perfeito e que se revelou uma autência fonte de sabedoria do país e do mundo.
Depois, pode e deve ficar uma outra semana em localidades turísticas como Hammamet ou Port el Kantoui para retemperar energias antes de regressar.

Um luxo no deserto


E aqui, sem querermos entrar em detalhe em relação à escolha de unidades hoteleiras, podemos dar algumas dicas. Em primeiro lugar, não ligue muito às estrelas. De uma forma geral, terá de descontar 1/2, 1, e às vezez mais. Existem excepções. Entre elas temos, por exemplo, o Riu Palace Oceana, em Hammamet, um cinco estrelas de luxo, que mantém o brilho da sua classificação, e igualmente o quatro estrelas Imperial Park na mesma cidade. A cadeia hoteleira tunisina El Mouradi também tem muito boas unidades pelo país.
Outra unidade de evidenciar é a Pan Sea, em pleno Sahara, concretamente no oásis Ksar Ghilane. É composto por 60 tendas estilo berbere, com capacidade para um a três pessoas, com casa de banho e duche privativo. Um luxo no deserto.


O que posso acrescentar sobre esta matéria é que, pelos preços de uma semana, com preços a variar entre os 500 € e 600 €, incluindo viagem, estadia, taxas, seguros e transfers, fica pouca margem para as unidades. Isso acaba por reflectir-se.
Neste sentido, será melhor aconselhar-se. Os agentes de viagens podem ser uma óptima opção,
sobretudo se já conhecerem o destino.

Paulo Camacho

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