quinta-feira, 6 de março de 2008

TAP e a tempestade num copo de água


Existem tempestades que se fazem simplesmente num copo de água.

A decisão da TAP em suspender voos da Madeira para algumas cidades europeias (e não para as capitais europeias como para aí muito se escreveu, porque, pelas minhas contas, apenas duas das cinco cidades se enquadram nesse domínio) apenas diz respeito à empresa.

Existem critérios de gestão contra os quais as palavras não argumentam. Sobretudo quando se comprova que a Madeira não é tão prejudicada como se apregoou por esses media.

Afinal de contas nos voos, chamados directos, mas que têm uma escala pelo meio em Lisboa ou no Porto, para cidades como Madrid, Barcelona, Paris, Amesterdão e Milão, os passageiros da Madeira para esses destinos são residuais. Segundo uma fonte aeroportuária, o grosso dos passageiros dos voos da TAP, em mais de 90 por cento, se destinam a Lisboa ou ao Porto. Só uma expressão residual desse tráfego é que se destina às capitais europeias.

A TAP diz que a razão desta alteração, a partir de Abril, se prende com o facto de não estar a prestar um bom serviço em Lisboa, devido a constrangimentos no aeroporto da capital.

Segundo a companhia, o que vai acontecer agora é que o passageiro embarca na Madeira, vem para Lisboa e tem de mudar de avião para seguir para o destino. Uma situação que admite já se verificar algumas vezes. Por isso a TAP decidiu acabar com aqueles voos para dar mais transparência e não prejudicar o passageiro.

Até porque os voos de Lisboa e do Porto para aquelas cidades continuam, pelo que haverá todo o interesse em conseguir ligações rápidas. Mas a verdade é que não se pode olhar apenas para o mercado da Madeira. Há que pensar nos Açores e em Faro. E conseguir horários corridos para todos os interessados que queiram ir para esta ou outras cidades que companhia voa ou em code-share, estou convencido que nem com uma frota de 500 aparelhos.

Acreditando que não há nada mais que isto, penso que, mais uma vez se está a atingir a TAP, uma empresa cuja gestão deveria ser um orgulho para todos os portugueses. De uma transportadora que esteve na iminência de acabar, como a Swissair ou a Sabena, hoje conseguiu transformar as contas sempre num vermelho crescente em resultados positivos, e é uma das empresas de topo nacional que mais exporta.

E se a TAP se candidatasse ao Fundo de Novas Rotas para voos directos, sem escalas, para estas e outras cidades? Teria a sua piada e, quanto a mim, toda a legitimidade.

Uma nota final. Penso que a TAP, mesmo que andasse a tempo e horas e não perdesse tantas malas como, infelizmente acontece, ainda haveria muita gente que apontaria o dedo pelo facto de ter as cores que tem; por não utilizar Boeing, em lugar de Airbus; por não conseguir evitar poços de ar e alguma turbulência; por não conseguir deixar de dar a volta quando aterra na Madeira do lado de Santa Cruz; por não servir espetada com vinho seco nos voos domésticos, ou, simplesmente porque não tinha voos de cinco em cinco minutos.

Afinal de contas, enquanto outras companhias vieram e foram, a TAP sempre foi a companhia dos madeirenses. Desde que o aeroporto foi construído nos anos 60.

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