quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Trindade defende diferenciação


O presidente do Grupo Porto Bay começou ontem por defender no terceiro painel do Congresso da APAVT o conceito de diferenciação para ganhar competitividade. António Trindade fava precisamente no primeiro painel do dia que tinha como tema “Ganhar competitividade”.
Em complemento, o empresário, que era um dos oradores convidados do painel diria que para ganhar competitividade não é só no espaço temporal, mas também passa muito por ser visionário.
Neste âmbito deu algumas dicas acerca de itens a considerar na competitividade prentendida como seja o facto de ter a percepção da redução dos ciclos de inovação, estar cientes que as parcerias locais são fundamentais nos negócios, tal como ter quadros e equipas bem formadas é crucial. Sobre este último ponto deixou bem claro que com um défice de formação é impossível vencer.

Reinventar distribuição

Em relação à distribuição, até porque estamos num congresso das agências de viagens, António Trindade foi claro quando disse que têm de reinventar a sua estratégia. No fundo, seguindo a linha da entrevista que deu recentemente à revista da APAVT onde sublinhou a importâncias das agências de viagens serem mais ambiciosas e, de certa forma, não se acomodarem ao seu espaço físico, quando existe um mundo de oportunidades, mesmo no seio da própria Europa.
E, respondendo um pouco à intervenção de Rui Horta, administrador do Grupo Espírito Santo, que se lamentou do papel limitado que os empresário têm em áreas como a decisão do novo aeroporto de Lisboa, na abordagem às vantagens fiscais, como o IVA, e à legislação laboral, o presidente do Grupo Porto Bay não se pôs com rodeios e disse que o problema da competência do turismo nacional está nos próprios empresários. Lamentou que em Portugal ainda se vive um pouco num clima do estado-providência.
Aproveitando a deixa foi directo quando afirmou que se o aeroporto ainda não está decidido para a Ota deve-se precisamente à intervenção dos empresários, através da CIP, que levaram o governo da República a ter de reanalisar tudo.
Noutro ponto, diria que é reservado às empresas o que deve ser o serviço. Um serviço onde como, salientou, não basta sermos “porreiros”, pelo que há que bater na tecla da formação dos quadros.

Operadores e agentes mantêm-se

Outro dos oradores foi Vítor Neto, empresário e ex-secretário de Estado do Turismo.
De certa forma disse que as agências de viagens e os operadores turísticos não vão desaparecer. Vão ter de mudar, é verdade, mas irão continuar.
Por isso mesmo, admite que é preciso estar atento ao que se passa pelo que terá de haver uma estratégia correcta alargada à nossa realidade.
Outra intervenção interessante foi de Jorge Costa, do Instituto … Entre o muito que disse saliente-se a necessidade de haver no país um desígnio nacional para o turismo. Um objectivo que poderia passar, segundo as suas palavras, por questão tão simples como cada cidadão dispor de um road book de bolso que pudesse ser útil em caso de solicitação por um turista. É o conceito de afinity que apontou como um dos quatro itens a apostar para que Portugal possa ganhar competitividade. Itens que incluem ainda áreas como a aposta forte nas acessibilidades, relevantes num país periférico como o nosso (que, conforme evidenciou António Trindade, ainda é mais periférico do que a periférica Espanha, tal como o consideram os vizinhos), a segurança, e a sensibilidade para receber o turismo. Neste último ponto, apontou mesmo a necessidade de haver mesmo um projecto nacional de educação para o turismo.

Diferenciação positiva

Noutro ponto, falaria da importância da diferenciação positiva onde aponta Portugal com um destino de boutique hotel. Mais selecto. Inclusivamente apontou um slogan que definiria este conceito: “Paixão pela excelência 12 meses por ano”.
Em jeito de remate, peguemos ainda em palavras proferidas por António Trindade, quando falava dos desafios para sermos competitivos.
Primeiro evidenciou que somos um destino europeu para europeus. Uma leitura partilhada por Vítor Neto.
E, nesse âmbito, diz que há algum trabalho de casa a fazer como seja o que se passa nos mercados geradores de turistas para Portugal que levaram a que operadores como a Tui Nordic querer afastar-se da Madeira quando, por outro lado, tem um charter directo, diário entre Estocolmo e Punkhet, na Tailândia. Uma operação que envolve um Boeing 747. Um gigante dos ares.
E, neste prisma, recorda o exemplo que fez no seu grupo, antes de construir o Vila Porto Maré, que só arrancou depois de uma consulta a turistas para saber o que esperavam de um novo produto. O resultado foi adaptar o projecto a essa realidade, que permitiu à unidade que hoje abarca três hotéis diferenciados mas complementares, ter uma ocupação média de 92% ao ano.

Scolari não veio

Uma nota mais para dar conta que o seleccionador nacional Scolari não compareceu ao “treino” acordado com os agentes de viagens. Não se sabe ao certo os motivos que levaram ao cancelamento de última hora que criou um grande mal-estar no seio da direcção da APAVT. Sabe-se sim que a decisão foi unilateral, por parte do seleccionador da equipa nacional de futebol.

Paulo Camacho