Madeira abre Pólo Temático da Água na Estação dos Tornos

A Estação dos Tornos abriu ontem as suas portas ao público, agora transformada num Pólo Temático da Água, espaço destinado à educação ambiental para as escolas do arquipélago. Foram dois anos de obras divididas em várias fases, tendo em conta o clima, mas também o sítio onde de localiza. Ao todo, foram ali gastos 180 mil euros, entre orçamento da Câmara Municipal do Funchal e outras fontes de financiamento.
Numa primeira fase, a preocupação - conforme nos explicou José Manuel Rodrigues, do Parque Ecológico - «foi a de reabilitar toda a estrutura do edifício que já estava muito degradada. Em simultâneo, uma equipa efectuou um levantamento histórico de toda a infraestrutura, desde a construção do lanço da Boaventura até aos Tornos, passando pela Estação».
Segundo este responsável, a importância desta infraestrutura deve-se, não só à sua localização em termos da natureza mas também pelo seu interesse histórico. «Aqui podemos chegar a partir do Areeiro em vereda ou da Casa do Barreiro, passando pelas galerias dos Tornos, num percurso que se faz em meia hora. Podemos ainda ir à Ponte do Pisão, numa caminhada muito pequena, até às Babosas em túnel e daqui, apanhar o corredor verde e ir até ao Bom Sucesso ou ao Jardim Botânico. Ou seja, tem um potencial muito grande em termos de rede de percursos, para além de toda a importância histórica. É preciso não esquecer que o maior túnel subterrâneo da Madeira e do país desemboca nesta estação. Com 5 kms, é uma obra fantástica e única que interessa preservar. E, depois, temos também toda a arquitectura desta estação e a própria estrutura em termos de recolha de água. Como pólo de educação ambiental, penso que se assume com grande importância», prosseguiu José Manuel Rodrigues.

Turismo de natureza

Para além do edifício, o nosso interlocutor refere que outra preocupação foi a de recuperar as infraestruturas e pôr a Estação a trabalhar. Aliás, este espaço está pronto a funcionar também como reserva de abastecimento à cidade do Funchal em caso de ruptura ou em ocasiões de picos de consumo.
Em termos de museu, salientou que «procurou-se criar um museu, não estático mas vivo, onde as pessoas que chegam aqui vêem a água a passar, mas também as máquinas a trabalhar, como os moinhos, os decantadores, os filtros... está tudo activo e a funcionar, porque não queremos uma área parada».
José Manuel Rodrigues não se cansa de fazer elogios ao local onde a Estação se encontra, apesar da convivência, ali mesmo ao lado, de uma britadeira. «Este vale da Ribeira de Santa Luzia é lindíssimo. Temos uma queda de água mesmo ao lado de cima – a meia hora/40 minutos de caminho – com três lagoas em desnível. Uma coisa fantástica e única às portas do Funchal. Toda esta obra assume-se de grande valor, não só para o turismo como também para preservação do património», regozijou-se.
Quesyionado quanto aos horários de visitas, este novo centro funcionará aos feriados, sábados e domingos, podendo os interessados fazer as reservas através do Centro de Recepção e Interpretação do Parque Ecológico do Funchal, na Ribeira das Cales, ou pelo telefone 291784700. «Acreditamos que será um ponto de passagem, sobretudo, para estudantes e turismo. Aliás, é nossa intenção articular tudo isto com empresas que funcionam na área do turismo de natureza e até na parte marítima, onde já há interessados, que querem também ter o seu nicho de turismo em terra. Queremos trazê-los cá e divulgar toda esta área em termos de fotografia, paisagem e de enaltecer toda esta conquista da água na Madeira. É um pólo que se assume com grande importância, pela localização. E não esquecer todo este trabalho de levadas que está feito na Madeira e que é colossal», concluiu.
De salientar que as visitas guiadas vão contar com a ajuda de quatro funcionários do Parque Ecológico (o Canha, o Hernani, o Helder e o João), passando por todas as áreas da Estação e arredores, sem esquecer a visita à cisterna onde antes era armazenada a água já tratada que abastecia o Funchal. Dentro desta, foi colocado um videoprojector, com imagens da Estação e do Parque.

in Jornal da Madeira (Celso Gomes)