terça-feira, 17 de março de 2009

Madeira aguarda reacção do mercado

Alguns hoteleiros madeirenses depositam esperança que o mercado reaja nas próximas semanas para que a estação de Verão se revele, pelo menos equivalente ao ano passado. Contudo, no próximo Verão Iata há que ter em linha de conta o aumento da oferta de camas no destino Madeira. São cerca de 1.600 camas turísticas nos hotéis Meliã Madeira, Lido Atlântico, Pestana Promenade e Four Views Baía, que se traduz na oferta de mais 47.500 dormidas no mercado.
Neste momento, com o mercado internacional instável devido à crise económica e financeira, nenhum dos hoteleiros e directores de hotéis com quem conversamos ontem disponha de reservas suficientes que lhes permitissem estar descansados. E, no caso concreto da Madeira, há outro factor que não pode ser descurado: a valorização o euro face à libra, por causa do mercado inglês.
Nos dados acabados de divulgar pelo World Travel & Tourism Council verificamos que este organismo prevê para este ano uma queda média da procura turística em Portugal em 3,3%, para 33,2 mil milhões de euros. Neste contexto estima quedas em 2,8% nas despesas individuais dos residentes, para 10,8 mil milhões, e em 8,3% nas despesas das empresas, para 2,6 mil milhões, bem como uma redução em 4% nas exportações para 9,9 mil milhões. Entenda-se, neste último caso, a despesa efectuada em Portugal por visitantes estrangeiros.
Perante dados como estes, os hoteleiros e os próprios operadores turísticos e companhias de aviação não têm parado de surpreender o mercado com promoções.
Exemplo disto mesmo está a contecer com o Reid’s Palace. Sandro Fabris, o director-geral, natural de Veneza que diz que nem sua terra natal escapa à crise, sublinha que o facto de cerca de 40 por cento dos clientes serem ingleses, tem obrigado o ex-libris da hotelaria madeirense a golpes de rins constantes no sentido de manter a chama acesa no Reino Unido junto dos consumidores.
Um trabalho incansável, materializado em ofertas especiais, que segundo refere, tem dado os seus frutos, visto que o mercado está a reagir bem.
Assim, e a esta distância, e depois de um início de ano onde a generalidade da hotelaria madeirense se ressentiu da redução de turistas, Sandro Fabris admite que possa ter um Verão com números próximos do ano passado.
O director do Reid’s argumentou, por outro lado, que a Madeira tem um factor que joga a seu favor: ser um destino muito procurado por famílias. E, como evidencia, corta-se em tudo, menos nas férias com a família.
Para António Trindade, presidente do Grupo Porto Bay, apesar da dimensão do grupo e de estar ligado ao operador turístico Thomas Cook, perspectivar o Verão não é tarefa fácil na actual conjuntura.
O hoteleiro diz que falar de reservas acima de 25 por cento é uma incógnita. Diz não saber se o mercado irá reagir bem, tal como sucedeu o ano passado.
Contudo, manifesta algum optimismo, depois das reuniões que decorreram durante a realização da maior feira de turismo do mundo: a ITB, que realizou por estes dias em Berlim, na Alemanha. Um dos três pilares do turismo madeirense, a par do inglês e do português.
Refere que desses encontros sentiu que o mercado está a reagir bem à campanha que o Turismo de Portugal lançou recentemente, que visa colocar Portugal e os seus múltiplos destinos no topo de preferências na hora de escolher as férias.
António Trindade adianta mesmo que são os próprios operadores que já assimilaram as campanhas propostas e lideram as acções. Uma realidade que fez com que o maior operador europeu tenha conseguido reverter os números negativos para um ponto de recuperação. E, no caso concreto da Madeira, sublinha que a sua particularidade, faz com esteja menos exposta.
Uma nota final para o hoteleiro referir que o acréscimo da oferta de camas hoteleiras na Madeira vem criar um maior ambiente de oferta que poderá não traduzir-se num acompanhamento proporcional da procura.

Sem comentários: