terça-feira, 31 de março de 2009

Turistas dos cruzeiros deixam milhões

Os impactos são difíceis de contabilizar. Mas o que se sabe é que a escala de quatro paquetes e o desembarque de quase 7 mil turistas poderão ter garantido um negócio de meio milhão de euros a empresas das áreas dos transportes, restauração e venda de 'souvenirs'.

No porto do Funchal, a quase totalidade dos passageiros desembarca e vem a terra, pois a proximidade da cidade e a promoção feita a bordo dos encantos naturais da ilha vendem muitas excursões.

Mais de cinquenta autocarros estiveram ontem na Pontinha. Porque pelo menos 40% dos passageiros compraram uma excursão, isso permitiu às empresas transportar mais de 2.500 pessoas, fazendo uma receita superior a 50 mil euros. E o aluguer dos autocarros garantiu mais de 10 mil às companhias.

A caminho do Monte ou do Jardim Botânico, estes turistas vão dispostos a gastar uns euros. E ontem a azáfama no Jardim Botânico confirmou isso mesmo, já que foram vendidas mais de mil e trezentas entradas - gerando uma receita superior aos três mil e duzentos euros -, a maioria das quais a turistas. Um acréscimo de 30% em relação a um dia normal e que todos atribuem à presença dos paquetes na Pontinha.

Também o negócio dos carrinhos do Monte ficou a ganhar com a invasão da cidade pelos excursionistas dos paquetes. Há um notório aumento da procura por uma das mais típicas referências turísticas da cidade e da ilha.

Em excursões organizadas, desceram desde o Monte 500 turistas, que deixaram mais de 6 mil euros aos 150 homens que ali trabalham. O movimento foi o dobro de um dia sem paquetes, pois cada homem fez 5/6 viagens, quando o normal é fazer duas a três.

No Mercado dos Lavradores, um local procurado por 75% dos passageiros dos paquetes, de acordo com um estudo dsenvolvido ('Inteligência Competitiva na área Cruises in the Atlantic Islands'), também se viveu um dia de casa cheia, com a venda de fruta, artesanato, bolbos, sementes e pés de flores a terem boa saída e a gerar uns euros extras.

As Adegas da Madeira Wine são, também, passagem obrigatória para quem faz turismo de paquete. Ontem, por exemplo, foi registada a entrada de 17 grupos organizados em excursões de apenas dois navios, que levaram 1.200 visitantes. Este número não inclui o passageiro-turista que por sua iniciativa visitou as adegas. A presença destes turistas representou uma receita que é o dobro daquela que a Madeira Wine obteria num dia em que não houvesse paquetes no porto.

No teleférico, as vendas dispararam. E ontem poderão ter duplicado o número de entradas - num dia sem barcos vendem-se 700/800 ingressos - a julgar pelo dia recorde deste ano, em que a presença de três paquetes na Pontinha valeu a entrada de 2.800 pessoas. O que se sabe é que dois terços dos clientes fazem ida e volta.

Também as viagens de helicóptero levaram 'pelo ar' vinte turistas, cada qual a gastar 115 euros para ver o Funchal e a ilha bem lá do alto.

A Administração de Portos da Região Autónoma da Madeira viu entrar mais de 30 mil euros nos seus cofres. Por conta de taxas e serviços prestados, em que uma escala de um navio pode custar entre 3 e 12 mil euros, de acordo com o número de passageiros, tonelagem de arqueação bruta e tipo de serviços requisitados.

Sem possibilidade de contabilizar, a presença deste 7 mil turistas potencia um outro investimento: a promoção que é feita pelos operadores da Madeira, através de brochuras ou a bordo do navio, bem como a reacção dos passageiros no regresso ao seu país.

Indicador quase sempre ignorado, a presença de 2.751 tripulantes é responsável por um gasto que não raras vezes supera o do próprio passageiro. Gastos naturais de quem tem umas horas de folga e muda a rotina, faz umas compras, procura alguma diversão, um telefone, a internet e um marco de correio para remeter um postal.

Indicador
70 euros

É o gasto médio de um turista desembarcado de um paquete. Para pagar uma excursão, descer do Monte num carrinho de cesto, subir ao Jardim Botânico, comprar e passar, obrigatoriamente, pela Madeira Wine e pelo Mercado dos Lavradores para comprar vinho, frutas e flores. Transportes, restauração e souvenirs ganham...

in Diário de Notícias (Mário Olim)

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