quinta-feira, 16 de abril de 2009

Governo admite mexer na TAP

O Governo vai identificar medidas de reestruturação e reequilíbrio financeiro para a TAP, já que vê com "preocupação" os resultados obtidos pela companhia aérea em 2008, anunciou hoje o ministro das Finanças.
"É com preocupação que o Governo vê os resultados financeiros" da TAP, disse o ministro das Finanças, Fernando Teixeira dos Santos, acrescentando que estes resultados "obrigam a pensar o plano estratégico da TAP e a sua organização", bem como "identificar medidas de reestruturação e reequilíbrio financeiro".
Teixeira dos Santos, que falava no final da reunião do Conselho de Ministros, adiantou que este "trabalho está a ser desenvolvido pelo Ministério das Finanças e pelo Ministério das Obras Públicas".
O ministro justificou que os resultados da companhia aérea se "enquadram no contexto de recessão internacional, de um ano difícil" com custos operacionais elevados.
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No entanto, "apesar de reflectir esta situação excepcional", os resultados obrigam o Governo a identificar medidas de reestruturação.
A TAP deverá fechar 2008 com prejuízos de cerca de 280 milhões de euros, disse à agência Lusa fonte da empresa, abaixo dos 320,6 milhões de euros de prejuízo que constam das contas da Parpública.
Os resultados divulgados quarta-feira pelo único accionista da TAP, a Parpública, indicam que a transportadora registou prejuízos de 320,6 milhões de euros em 2008, o que coloca a companhia numa situação "altamente deficitária".

Contactado hoje pela Lusa, o porta-voz da TAP António Monteiro remeteu quaisquer comentários para depois da aprovação das contas da empresa, "na próxima semana". "A 28 de Abril faremos a apresentação pública de resultados, com toda a transparência e como habitual", disse o porta-voz.
"Até lá não podemos comentar contas sem que as tenhamos aprovado", sublinhou.
No entanto, uma outra fonte da empresa disse à Lusa que a companhia "deverá fechar o ano de 2008 com prejuízos de 280 milhões de euros", adiantando que os números incluídos no relatório da Parpública "podem estar a incluir provisões para este ano".

A mesma fonte recordou que dos 280 milhões de euros em prejuízos previstos para a TAP "180 milhões são desvio dos combustíveis", que ao longo do ano passado flutuaram devido à instabilidade do preço do petróleo.
A Parpública, no seu relatório e contas de 2008 avançado hoje Jornal de Negócios, diz que a TAP terá de repensar "a estrutura e a dimensão para alcançar níveis acrescidos de produtividade", bem como "encontrar novos parceiros" para "superar dificuldades futuras".
O agravamento da situação da companhia aérea, escreve a Parpública no seu relatório, passa pela conjuntura "extremamente adversa, a insuficiente competitividade do Grupo TAP e a inerente rigidez da estrutura de custos".

"As medidas adoptadas ao longo do ano, visando reduzir os custos, não foram suficientes para controlar e limitar os efeitos da crise", refere ainda o accionista da TAP.

PGA pode vender aviões


Por outro lado, a TAP tem um plano de contingência para a PGA que pode passar pela venda dos aviões, disse hoje o administrador da PGA, afirmando que a transportadora pode activar esse plano devido à greve dos pilotos.
"Existe um plano de contingência do grupo TAP e que seremos chamados - na sequência deste período de greve - a falar sobre soluções", disse hoje o administrador executivo da PGA - Portugália, Luiz Lapa.
"Há sempre um plano para a saída, que prevê que em caso limite a venda do património da empresa [PGA], que são os aviões. Isso é um cenário que ninguém quer mas que seria o início do fim desta companhia", acrescentou.

Os pilotos da PGA decidiram intensificar o confronto com a administração, reivindicando a adopção de um regulamento de utilização "responsável e seguro", que inclua "tempos de repouso, folgas, férias e tempos máximos de trabalho que reduzam os riscos operacionais associados à fadiga acumulada".
A greve dos pilotos, que se cumpriu hoje e a 14 de Abril, deverá repetir-se sábado e domingo.

"Perante a actual conjuntura nacional e internacional, se a PGA deixar de ser uma mais-valia para o grupo TAP para se tornar num factor de perturbação, poderá estar posta em causa a sua própria viabilidade", disse em conferência de imprensa Luiz Lapa.

"Uma das saídas é essa [a venda de património]. Mas não é a única solução, há outras que estão pensadas, sempre na tentativa de preservar as pessoas que trabalham nesta casa", disse Luiz Lapa.
O responsável, no entanto, afastou a possibilidade de "integrar os postos de trabalho da PGA na TAP".
"Há três, quatro caminhos possíveis e nós vamos fazer aquilo que acharmos que é o melhor para a Portugália e para o Grupo TAP", disse Luiz Lapa, que se escusou a adiantar mais pormenores sobre este "Plano B".

Sobre os prejuízos que a greve dos pilotos da PGA estão a causar à companhia e ao grupo TAP, Luiz Lapa escusou-se a dar um número concreto, mas afirmou que as estimativas do sindicato dos pilotos - 500 mil euros por dia - está longe da realidade.
"Esse número não faz qualquer sentido. Não consigo chegar a esse número. Para a PGA é bem menos que isso, mas é um valor que está determinado", disse Luiz Lapa na conferência de imprensa.
À margem do encontro, no entanto, Luiz Lapa admitiu o cenário de a PGA "chegar ao final destes cinco dias de greve com prejuízos de meio milhão de euros".

Sobre os motivos da greve, Luiz Lapa reafirmou que a PGA é "uma companhia a operar escrupulosamente dentro das regras internacionais" e reafirmou que está "completamente disponível para negociar" com o SPAC.
No entanto, disse, "nunca houve nenhuma reunião formal de negociações, o que houve sempre foi uma troca de propostas. Em determinada altura a companhia foi surpreendida com uma atitude limite, que foi o pré-aviso de greve".

Quanto à negociação neste momento, Luiz Lapa foi claro: enquanto o protesto estiver em curso, não haverá conversas oficiais.
"Não marcamos reuniões. Só o faremos quando a greve for levantada, ou seja em condições laborais normais. Sob pressão não faz sentido", frisou.

in Lusa

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